Veni Sancte Spiritus
Veni, Sancte Spiritus, et emitte caelitus lucis tuae radium. Veni, pater pauperum, veni, dator munerum veni, lumen cordium. Consolator optime, dulcis hospes animae, dulce refrigerium. In labore requies, in aestu temperies in fletu solatium. O lux beatissima, reple cordis intima tuorum fidelium. Sine tuo numine, nihil est in homine, nihil est innoxium. Lava quod est sordidum, riga quod est aridum, sana quod est saucium. Flecte quod est rigidum, fove quod est frigidum, rege quod est devium. Da tuis fidelibus, in te confidentibus, sacrum septenarium. Da virtutis meritum, da salutis exitum, da perenne gaudium. Amen. Alleluia. | Vinde Santo Espírito
Vinde, Santo Espírito, e enviai dos céus um raio de vossa luz. Vinde, pai dos pobres, vinde, doador dos dons, vinde, luz dos corações. Consolador magnífico, doce hóspede da alma, doce refrigério. No labor descanso, no calor aragem, no pranto consolo. Ó luz beatíssima, enchei o íntimo dos corações dos vossos fiéis. Sem vosso auxílio nada há no homem, nada de inocente. Lavai o que está sujo, regai o que está seco, curai o que está enfermo. Dobrai o que é rígido, aquecei o que está frio, conduzi o que está errante. Dai aos vossos fiéis, que confiam em vós, os sete dons sagrados. Dai o mérito da virtude, dai o êxito da salvação, dai a perene alegria. Amém. Aleluia. |
Quarto dia da Semana para adquirir conhecimento de si mesmo
- Da morte do homem velho -
Composição de lugar - A Virgem Santíssima lavando e curando as chagas de minha alma.
Petição - Que sinta a desordem de minhas obras, para que aborrecendo-as me emende e ordene a minha vida. [92]
I PONTO - Tomaremos aqui os pontos do Tratado da Verdadeira Devoção, como São Luís Maria Grignion de Montfort os escreveu.
Necessidade de esvaziar-nos do mal que há em nós. Quando se despeja água limpa e clara em uma vasilha suja que cheira mal ou quando se põe vinho em uma pipa cujo interior ficou azedado por outro vinho que conteve, a água pura e o vinho bom adquirem com facilidade o mau cheiro e o azedume dos recipientes. Do mesmo modo, quando Deus põe Suas graças e orvalhos celestiais, ou vinho delicioso de Seu amor no vaso de nossa alma, corrompida pelo pecado original e pelo pecado atual, esses dons divinos ficam ordinariamente estragados ou manchados pelo mau germe e mau fundo que o pecado deixou em nós. Nossas ações, até as das virtudes mais sublimes, se ressentem disso. Para adquirir a perfeição, que só se consegue pela união com Jesus Cristo, é, portanto, de grande importância que nos despojemos de tudo o que de mau existe em nós. Do contrário, Nosso Senhor que é infinitamente puro e que aborrece infinitamente a menor mancha na alma, nos repelirá e de modo algum Se unirá a nós.
II PONTO - Que é preciso fazer para nos esvaziarmos do mal que existe em nós? Para despojar-nos de tudo o que de mau existe em nós é preciso:
Primeiro - Conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, nosso defeito dominante; nossa incapacidade para todo o bem útil à nossa salvação; nossa fraqueza em todas as coisas; nossa inconstância em todos os tempos; nossa indignidade para todas as graças; e nossa iniquidade em todo o lugar. O pecado de nossos primeiros pais nos corrompeu, alterou, estragou, como o fermento azedo corrompe a massa em que é colocado. Os pecados atuais que cometemos, sejam mortais ou veniais, foram perdoados, mas aumentaram em nós a concupiscência, a fraqueza, a inconstância e a corrupção, deixando maus vestígios em nossa alma. Nosso corpo é tão corrompido que é chamado pelo Espírito Santo "corpo de pecado" [93], corpo sujeito a milhares de enfermidades, corpo que se corrompe sempre mais cada dia, e que não produz mais que vermes e corrupção.
Nossa alma unida ao corpo tornou-se tão carnal que é chamada carne. "Toda a carne havia corrompido seu caminho." [94] Não possuímos por herança senão orgulho e cegueira no espírito; endurecimento no coração; fraqueza e inconstância na alma; concupiscência, paixões revoltadas e doenças no corpo. Somos naturalmente mais orgulhosos que os pavões reais, mais apegados à terra que os sapos, mais glutões que os porcos, mais coléricos que os tigres, mais preguiçosos que as tartarugas; mais fracos que os caniços e mais inconstantes que os cata-ventos. Não possuímos mais que o nada e o pecado, e não merecemos mais que a ira de Deus e o inferno eterno.
Depois disto, poderá alguém admirar-se de Nosso Senhor ter dito que aquele que O quiser seguir, deve renunciar a si mesmo e aborrecer sua própria alma; que "aquele que amar sua alma perdê-la-á, mas que o que aborrecer sua alma a salvará"? [95]
A Sabedoria infinita, que não dá ordens sem razão, não nos manda aborrecer-nos a nós mesmos senão porque somos grandemente dignos de aborrecimento. Nada há tão digno de ser amado como Deus; nada tão digno de ser aborrecido como nós.
Segundo - Para despojar-nos de nós mesmos é necessário que todos os dias morramos a nós mesmos, quer dizer, que devemos renunciar aos atos de pecado de nossa alma e dos sentidos corporais. É o que São Paulo chama "morrer todos os dias" [96]. "Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, permanecerá só e não dará fruto." [97] Se não morrermos a nós mesmos, e se as mais santas devoções não nos levarem a essa morte necessária e fecunda, não produziremos fruto que valha alguma coisa, e as nossas devoções serão inúteis. Todas as nossas obras de justiça estarão, então, impregnadas por nosso amor próprio e pela nossa própria vontade; e Deus abominará os maiores sacrifícios e as melhores ações que fizermos. Na hora de nossa morte teremos as mãos vazias de virtudes e méritos, e não brilhará em nós a menor centelha de puro amor, o qual só é comunicado às almas mortas a si mesmas, almas cuja vida está oculta com Jesus Cristo em Deus. [98]
Terceiro - É necessário escolher, entre todas as devoções à Santíssima Virgem a que nos leva com maior segurança e certeza a este aniquilamento do próprio eu. Será esta a devoção melhor e a mais santificante pois é mister reconhecer que nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que é doce é mel, e nem tudo o que é fácil de fazer e praticar, é o mais santificante. Do mesmo modo que a natureza tem segredos para fazer, em pouco tempo, sem grandes gastos e com facilidade, certas operações naturais, há segredos na ordem da graça pelos quais são feitas em pouco tempo, com doçura e facilidade, operações sobrenaturais, tais como o despojar-nos de nós mesmos, encher-nos de Deus e tornar-nos perfeitos.
Oh quanta falta me faz a Mestra do Céu para me ensinar e guiar!
Ave Maris Stella Ave maris Stella Dei Mater alma Atque semper virgo Felix caeli porta Sumens illud Ave, Gabrielis ore Funda nos in pace Mutans Evae nomen Solve vincla reis Profer lumen caecis Mala nostra pelle Bona cuncta posce Monstra te esse matrem Sumat per te preces Qui pro nobis natus Tulit esse tuus Virgo singularis Inter omnes mitis Nos culpis solutos Mites fac et castos Vitam praesta puram Iter para tutum Ut videntes Iesum Semper collaetemur Sit laus Deo Patri Summo Christo decus Spiritui Sancto Tribus honor unus. Amen. | Ave Estrela do mar Ave Estrela do mar Santa Mãe de Deus Sempre Virgem Feliz porta dos Céus Ó vós que ouvistes De Gabriel a saudação Fundai-nos na paz Trocando o nome de Eva As cadeias dos réus quebrai E a nós, cegos, iluminai De todo mal livrai-nos E o bem granjeai-nos Mostrai que sois mãe Fazendo ouvir nossas preces Aquele que, por nós nascido, Quis ser Filho vosso Virgem singular Toda cheia de ternura Extintos nossos pecados Fazei-nos castos e brandos Dai-nos uma vida pura Ponde-nos em via segura Para que, vendo a Jesus, Sempre nos alegremos Louvor para sempre a Deus Pai E honra eterna a Cristo E ao Espírito Santo. Aos três um mesmo louvor. Amém. |
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Notas:
[92] Santo Inácio
[93] Rm 6, 6 ; Sl 50, 7.
[94] Gn 6, 12.
[95] Jo 12, 25.
[96] I Cor 15, 31.
[97] Jo 12, 24.
[98] Cl 3, 3.
* Estas meditações são retiradas do livro "Vida Mariana" do Pe. Nazário Pérez, SJ.
Ótima oração
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